Paciente do Instituto Lucy Montoro se dedica a pintura de quadros após reabilitação

  • Print

Depois de sofrer um AVC, José Luiz Cardoso teve várias sequelas que o deixaram dependente. Mas o tratamento trouxe novas perspectivas

Em 2019, José Luiz Cardoso iniciou tratamento na unidade Morumbi do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro (IRLM), encaminhado devido a sequelas decorrentes de um acidente vascular cerebral (AVC). Ele apresentava dificuldades motoras e afasia mista.

José Luiz chegou ao Instituto motoramente dependente para as atividades do dia a dia e com dificuldades cognitivas que acentuavam a dependência e a perda de autonomia. Ele foi avaliado pela equipe multidisciplinar do IRLM e, juntamente com o médico fisiatra, foram traçados os objetivos de seu processo de reabilitação. Com o trabalho desenvolvido para ganhos motores, estimulação cognitiva, melhora da percepção e memória visual, e orientações de estratégias compensatórias, aos poucos, José Luiz foi evoluindo e conquistando novamente sua independência e autonomia.

Nas três internações no Instituto, a equipe multidisciplinar percebeu melhora gradativa tanto dos aspectos físicos, como cognitivos e emocionais. “Inicialmente, José mostrava-se entristecido, com baixa autoestima e desmotivado. Sua rotina era de ociosidade, com poucas perspectivas de futuro. Junto ao paciente e sua família, foi amplamente trabalhada a consciência de seu diagnóstico, as limitações mas também as potencialidades, assim como as mudanças dos aspectos cognitivos e emocionais em decorrência do AVC. Na terceira internação, notou-se que ele se mostrava mais consciente do seu diagnóstico, com melhora da capacidade de enfrentamento das dificuldades e disposto a buscar novas estratégias de enfrentamento”, conta a Ana Clara Portela Hara, coordenadora do Serviço de Psicologia.

Durante sua última internação, a terapeuta ocupacional Raquel Aporta de Araújo ofereceu a ele lápis de cor e tinta para atividades de pintura. Em paralelo, o Serviço de Psicologia sugeriu ao paciente refletir sobre planos futuros, e também incentivou a participação da família no processo, principalmente da irmã de José Luiz, que constantemente participava nas reflexões com o paciente. “Nós da família tivemos grandes aprendizados e acolhimento no tratamento do José durante as internações no Instituto. O encontro dele com a pintura foi como a reinvenção de um homem, foi o reencontro com a motivação e a dignidade. Por isso, nos emocionamos de ver os quadros sendo divulgados, comentados e comprados”, conta a irmã do paciente, Luzinete da Cunha Cardoso.

“A história de José é importante porque nos mostra o resultado de todo o processo de reabilitação, e o quanto é possível o paciente ressignificar a sua história de vida, possibilitando uma nova expressão de seus pensamentos e sentimentos, contribuindo para o resgate de sua autoestima e potencializando suas capacidades cognitivas”, finaliza Andréia Cristina Uchida, psicóloga do IRLM.

A terapeuta ocupacional Raquel complementa: "O processo de reabilitação busca sempre promover maior independência e autonomia possível a cada indivíduo, independente de suas dificuldades. A história do paciente é importante pois mostra o potencial que há em cada pessoa, reflete a importância de conhecer e experimentar novas atividades que possam compor e influenciar o cotidiano. Demonstra perseverança, flexibilidade e a importância de ter novas experiências para que se abram novas possibilidades no cotidiano."

texto publicado no Jornal da FFM